Qual a primeira motocicleta fabricada no Brasil? Esse é um tema frequente no meio motociclístico e as respostas são as mais variadas possíveis: A Yamaha RD 50 em 1974/75? A Honda CG 125 na mesma época? Saiba mais.
Na verdade nem uma nem a outra empresa são pioneiras no empreendedorismo no ramo motociclístico no Brasil. Em 1951 Leon Herzog montava sua fábrica de motocicletas no Rio de Janeiro, e algum tempo depois passou a produzir o pequeno ciclomotor Gullivette, com um motor francês.
A pequena fábrica evoluiu e hoje ainda esta ativa no Brasil, porém tendo migrado de vez para o ramo da construção civil, depois da proibição de importação dos motores de países comunistas e com a chegada das “japonesas”.
Você nunca ouviu falar de uma “Gullivette”? E de uma “Leonette”? Essa última talvez já tenha visitado seus pensamentos nos comentários dos motociclistas mais antigos. Com certeza foi o primeiro veículo de duas rodas com motor de muitos pilotos veteranos, aí incluindo este repórter.
A saga da Leonette começou com seu idealizador, o judeu-polonês Leon Herzog, falecido em janeiro de 2013 com 93 anos de idade. Conheceu o holocausto de perto, vendo seu pai ser morto pela Gestapo por não querer deixar a casa onde moravam.
Mas e as motocicletas? Essa história vem desde lá da Polônia, onde sua família já fabricava bicicletas até o país ser invadido pela Alemanha nazista. Fugiu com identidade falsa para a própria Alemanha e de lá para o Brasil, onde parentes já se encontravam refugiados.
Conhecedor do ofício, não foi difícil para o jovem Leon refazer o negócio que a família tinha na Europa, montando e vendendo bicicletas, até a construção da fábrica no bairro do Cajú, adaptando à elas, agora, pequenos motores 2T importados.
A derradeira e aperfeiçoada “Leonnete”, segundo consta, veio ao mundo em 1960 e seu nome, por óbvio, reporta ao seu fundador Leon. O brasão estampado no tanque pertencia a família do sogro.
Os primeiros modelos eram de 50cc, produzidos com duas marchas e pedais para ajudar nas subidas. O sucesso foi tanto que em 1967 a empresa passou a usar um motor Jawa 50cc, três marchas e pedal de partida. Foi a coqueluche dos anos 60, chegando até aos absurdos… 80km/h.
A decadência da “Leonette” começou a se dar com a implantação do regime militar no Brasil, que impedia a empresa de adquirir os motores utilizados, pois vinham de países comunistas. A pá de cal aconteceu depois da morte do filho de um político, pilotando uma dessas motocicletas.
Mas como Leon não desistisse nunca e já “estar no lucro” por ter superado o regime nazista, como ele mesmo disse várias vezes, a empresa deixou de vez o segmento das motocicletas e manteve-se firme no ramo da construção civil.
Mas você pensa que essa motinha está totalmente esquecida? Ledo engano. Basta acessar um pouquinho a internet e você verá inúmeras raridades sendo exibidas em sites especializados, e até mesmo nos de compra e venda, pois há muita Leonette totalmente recuperada posta à venda à interessados na raridade.
Você já teve uma Leonette? Já pilotou uma?
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fonte de pesquisas: Anais da industria automobilística do Brasil, jornais diversos e catálogos antigos
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