Nesta última parte do nosso Projeto “Sob o céu da inconfidência” conhecemos muitos lugares e cidades, que parecia que estávamos dentro dos livros de História do Brasil. A valente Kansas não se sentiu intimidada e rodou bem entre todos os monumentos dos “Conjuras”.
6º DIA
Era o sexto dia de nossa aventura. Até agora tínhamos visitado 28 cidades mineiras, sendo Congonhas, Ouro Branco e Mariana as que mais caracterizavam o período colonial brasileiro, com suas ricas igrejas, seus imensos casarões e sua história cheia de bravuras.
EM OURO PRETO
Deixávamos Mariana pela Rodovia da Inconfidência (BR 356) numa manhã fria e nevoenta. A dois quilômetros entornamos à direita por um acesso interno que a liga a Ouro Preto(29), percorrendo a Av. Mariana e a Rua Cons. Quintiliano Maciel, estacionando, finalmente, na Praça Tiradentes.
Percorrendo esse estreito trecho entre as duas cidades é possível avistar Ouro Preto com sua imagem de “cartão postal”. A vista é de fazer perder o fôlego. Do alto temos uma visão magnífica de toda área central, com suas ladeiras íngremes e seus prédios históricos.
A visão das ruas com seus casarios com bandeiras desfraldadas sobre as janelas, faz lembrar os livros e trabalhos de escola. A diferença é que agora fazíamos parte dos mesmos cenários de nossos temas históricos mais importantes, numa época em que se lutava para a independência do Brasil do jugo português.
Vila Rica de Ouro Preto era a “Caixa Forte” de Portugal e era ali, entre os palácios tupiniquins, que aconteciam as mais cruentas arbitrariedades para se mandar a maior quantidade de minérios dourados e diamantes para a metrópole do outro lado do Atlântico. Conhecer bem Ouro Preto é tarefa para muitos e muitos meses; conhecer a região, trabalho para anos.
Não tínhamos nenhum desses tempos, mas, apenas, perto de uma hora para admira-la e prometer, de pés juntos, voltar em breve. Uma coisa restou claro em Minas: Quase todo mineiro conhece bem sua história e tem muito à contar para os turistas. Qualquer criança desses lugares desfiam as mazelas do tempo do ouro; os desmandos dos governadores da capitania; e o martírio dos escravos.
Estacionamos em frente ao monumento que representa o poste onde a cabeça de Tiradentes foi exposta e “roubada” na mesma noite. Até hoje organizam-se expedições para encontra-la nas cercanias da cidade, atendendo as inúmeras “pistas” nesse sentido.
A alguns metros dali uma das muitas obras de Aleijadinho dão o ar da graça: A Igreja de São Francisco de Assis, com sua fachada em pedra sabão toda esculpida pelo “Mestre Lisboa”. Não tem como não se impressionar com sua beleza.
Se quisermos, poderemos adquirir inúmeras obras de artes de artistas locais na feira de artesanato em frente dessa igreja. Peças das mais diversas são muitas vezes trabalhadas ali mesmo, na frente do cliente. A pedra sabão ainda é a matéria prima mais usada por lá.
SEGUINDO VIAGEM
Deixamos Ouro Preto contrafeitos, pois muita história e beleza ainda precisavam ser conhecidas. O tempo era curto e rumamos ao nosso próximo destino daquele dia: Conselheiro Lafaiete(30). Como já tínhamos visitado Ouro Branco na ida, na volta passamos por ela sem parar.
Ainda que não quiséssemos, precisamos parar em Conselheiro Lafaiete. Bem próximo da entrada da cidade ocorreu o segundo e último imprevisto da viagem. Com a chuva nos acompanhando desde Ouro Branco, a pequena Yes 125 que fazia parte de nosso comboio teve seu cabo de embreagem rompido e precisamos parar para conserta-lo.
Rodamos menos de 500 metros e já avistamos uma loja motopeças. Uma hora depois já estávamos curtindo algumas ruas da cidade e tomando o rumo de volta à estrada, que o dia ainda seria muito longo, principalmente depois desse atraso inesperado.
Ainda sob forte chuva continuamos pela BR 040 e em pouco tempo desfrutávamos da pequenina e bem cuidada Cristiano Otoni(31), com suas ruazinhas limpas e organizadas. Entramos por um lado e saímos, pouco tempo depois, pelo outro, com uma parada breve para fotos no local.
A chuva não nos dava trégua, mas seguimos viagem mesmo assim. A capa de chuva seria usada nesse dia, ainda por algum tempo. Pelo menos a BR 040 não tinha trânsito muito intenso e com rapidez chegamos em Carandaí(32), cidade maior e mais estruturada, onde entramos para um lanche breve e um suco.
A volta para a estrada foi rápida, pois estávamos atrasados em nossos planos por causa da forte chuva. A hora do almoço já estava chegando, mas precisávamos cumprir o projeto de viagem. Continuamos pela BR 040 onde, em pouco tempo, alcançamos Ressaquinha(33). Paramos alguns minutos na cidade e seguimos viagem.
Alguns quilômetros depois, já nos domínios da cidade de Alfredo Vasconcelos (34), almoçaríamos numa bonita churrascaria. Como continuávamos atrasados, não tivemos tempo de conhecer a cidade com mais cuidado, limitando-nos a fazer algumas fotos de sua periferia.
Retomamos nosso caminho de barriga cheia e por volta das 14h já estávamos em plena Barbacena(35), com sua história centenária, seus casarões antigos e o famoso Pontilhão, por onde passa a ferrovia sem atrapalhar (muito) o trânsito local.
Barbacena participou ativamente da Conjuração Mineira, tanto que, depois da morte de Tiradentes, parte de seu corpo foi fixado na ponta de uma estaca, em frente a igreja N. S. do Rosário, onde encontra-se enterrado nos dias atuais. A cidade tem, ainda, muitas igrejas que são verdadeiras relíquias dos tempos coloniais.
Continuávamos sem muito tempo e seguimos viagem, agora sob sol forte. Se a chuva deixou de cair ou desviamos dela, ainda não o sabemos, mas guardamos as capas e rumamos para a cidade de Barroso(36), onde paramos para outra hidratação e visita ao centro histórico.
Estacionamos nossas motocicletas exatamente na Praça de Sant´Ana, onde paramos por alguns momentos numa sorveteria, apreciando a magnífica vista da Catedral que fica naquele logradouro. Barroso não é tão pequena para os padrões mineiros e tem um centro comercial respeitável.
Seguimos viagem e acabamos entrando inadvertidamente na cidade de Dores do Campo(37), que não fazia parte do nosso roteiro original. Seguimos até os limites da cidade, mas retornamos para nosso destino do dia, já que a tardinha era chegada e não pretendíamos pilotar durante a noite.
TIRADENTES
O sol já irradiava seus últimos clarões naquele dia quando cruzamos o Rio das Mortes, logo em frente da Estação Ferroviária de Tiradentes(38). Restava-nos agora achar o famoso Largo das Forras, onde nos hospedaríamos, e o GPS não estava ajudando muito.
7º DIA
Mais do que em Mariana pudemos sentir o pavimento irregular do centro da cidade. O “pé de moleque” por aqui intercalava-se com pisos de enormes placas de pedras, o que fazia as suspensões das pequenas motos sofrerem bastante.
Com muito cuidado e atenção chegamos ao nosso destino final daquele dia, ainda mais deslumbrados com a beleza da cidade. Não é demais repetir as palavras do gentio que diz: Tiradentes é um colírio para os olhos, um verdadeiro cenário para fotos e vídeos.
Em contradição com a pequenina capela de Bom Jesus da Pobreza, que fica ao lado, entramos no conforto, beleza e sofisticação da Pousada Mãe D´água. Pela frente parecia apenas um casarão, porém, seu interior bifurca logo atrás da recepção e descortina num irrepreensível empreendimento hoteleiro.
Entramos ligeiros em nossos aposentos e, depois dos rituais de arrumação da bagagem, separando roupas limpas das sujas; acondicionamento dos equipamentos de viagem; bem como colocando todos os eletrônicos para carregar, tomamos um gostoso banho para só depois sairmos.
Tiradentes é uma cidade impressionante, tanto durante o dia quanto a noite. Como estávamos hospedados no centro histórico, deixamos as motos na pousada e seguimos pelas vielas estreitas, apreciando as visões noturnas que só lá encontramos.
Era o mês de novembro e vários corais já ensaiavam para o Natal. Perambulando silenciosamente pelas ruelas escuras, para colhermos fotos fantásticas, podíamos ouvir essas músicas sendo entoadas aqui e ali. Era de arrepiar de tanta emoção.
Subindo algumas ladeiras conhecemos um pouco da história local, como a da Cadeia Pública, bonito prédio encravado na vila e que foi incendiado com muitos presos, os quais, segundo a versão dos moradores, ainda vagam em espíritos pelas redondezas. Credo!
No mais alto das ruas está a Matriz de Santo Antonio, sendo esta a segunda igreja mais adornada em ouro no país. São avaliados cerca de 482 kg espalhados por paredes, altares e peças sacras, sendo que a igreja mais rica do Brasil está em Salvador. Independente de seu ouro, a riqueza espiritual que ela nos passa a noite é inigualável.
Por volta da meia noite voltamos para o descanso devido, não sem antes degustarmos uma deliciosa massa com um bom vinho, numa das inúmeras cantinas sediadas em casarões antigos do centro velho.
Na manhã seguinte fomos conhecer melhor o centro histórico de Tiradentes, suas praças e seus lugares públicos. Nesse sétimo dia de viagem conhecemos a Fonte que fornecia água aos habitantes e suas histórias, cheias de beleza, mas também muitos preconceitos.
A grandiosidade do Chafariz de São José de Botas impressiona. Construída em 1749 parece com a fachada de uma igreja. A água abastecia os habitantes, os animais, além de ser utilizada para lavagem de roupas. A construção possuía três pontos de reserva de água: A primeira era para o consumo humano e as laterais eram utilizadas para abastecimento de animais e por escravos.
UM TOUR NO CENTRO DE TIRADENTES
PELA ESTRADA REAL
Por volta das 15h deixamos Tiradentes pela Estrada Real, contornando as paredes rochosas da Serra de São José. Passamos por uma espécie de balneário a céu aberto: a Cachoeira do Bom Despacho, onde concentram muitos banhistas em finais de semana.
O piso do trajeto até a cidade de Santa Cruz de Minas(39) é todo em “pé de moleque” ou paralelepípedo. Santa Cruz é uma cidade pequena que vive, principalmente, do artesanato e da construção de móveis rústicos, em estilo colonial.
Passamos pelo centro de Santa Cruz e nos dirigimos à Colônia do Marçal, onde nos hospedaríamos na bela Pousada Paço do Lavradio, na divisa com Santa Cruz de Minas .
SÃO JOÃO DEL REI
Como ainda era cedo, já que esse trecho entre Tiradentes e São João não tem mais que 8 km, deixamos nossa bagagem na Pousada e fomos ao centro de cidade, conhecer um pouco de sua história. Seguimos por largas avenidas e ruas estreitas, num dos trânsitos mais caóticos e desorganizado do país.
Motos e motociclistas perambulavam como bem entendiam: com ou sem capacetes; com ou sem habilitação; em filas de 2, 3, 4 e até cinco motos ao mesmo tempo. Um horror de causar medo. Estacionamos de imediato numa casa de esfihas e, antes de seguirmos, aproveitamos para rechear os estômagos.
A única visita daquela tarde se deu na famosa Igreja de São Francisco, na qual pudemos nos deslumbrar com a qualidade das obras de artes dispostas em seus riquíssimos altares; com a beleza do lustre de cristal; e a criatividade do teto da nave principal, que parece o casco de uma caravela. O retábulo é todo entalhado e com aplicação de dourado.
Nos altares laterais da imensa Igreja pode-se ver obras de artes valiosas, da cunha de grandes artistas da época, incluindo, por óbvio, as de Mestre Lisboa (Aleijadinho). A imagem estilizada de São Francisco recebendo ordenação pelo papa impressiona pela irreverencia e não há como não se comentar a respeito.
A fachada principal da igreja, em pedra sabão, é uma outra obra de arte a céu aberto. Pelo que se pode observar seus preciosos entalhes e ressaltos avançam a parede principal em cerca de um metro, atribuindo grande imponência ao prédio e mostrando a qualidade inigualável de seu arquiteto.
Em conversas com a administradora da Igreja pudemos saber que ainda é comum, naquelas bandas, o uso da “missa de corpo presente” nas solenidades fúnebres da cidade. Naquele mesmo dia era aguardado um defunto à ser velado por lá, e enterrado em algum cemitério da cidade.
O cemitério da Igreja é reservado aos membros das ordens religiosas específicas e acolhe o túmulo de nosso presidente Tancredo Neves, que á bastante admirado em todo o estado. Seus muros são protegidos com toda tecnologia moderna, incluindo câmeras de vídeos, cercas eletrificadas e sensores que preservam o lugar, 24 horas por dia.
Retornamos à nossa Pousada rodando pelas ruas centrais de São João, cruzando mais uma vez o Rio das Mortes, nas imediações da cidade. Como a pousada também é referência em gastronomia, contando com um restaurante árabe anexo, fomos experimentar o Yussef.
8º DIA
A manhã seguinte era de muito sol e acordamos cedo para cumprir nosso oitavo dia de viagem e visitar melhor São João del Rei. Não há como deixar de entrar em suas igrejas e no Museu Ferroviário da cidade, com suas magníficas locomotivas e vagões bem cuidados.
Do outro lado do córrego do lenheiro está o centro histórico. Fomos à Catedral de Nossa Senhora do Pilar, que fica na Rua Getúlio Vargas. A Matriz, embora sem uma Praça em frente como era de se esperar, é ricamente ornamentada com muitos detalhes em ouro e muitas telas pintadas à óleo. As mãos de Aleijadinho aí ajudaram a compor o cenário do altar e do resto da nave.
Seguimos depois pela mesma rua e logo avistamos ao a Igreja N. S. do Carmo. Apressamos o passo para contemplá-la de perto. Tão bem entalhada como a Matriz, tem como diferencial a quase inexistência do dourado. Nas paredes e altares predominam o branco e cores suaves, trazendo essas inovações de estilos, em plena época do rococó.
Outra atração que não pode ser perdida em São João Del Rei é visitar o Casarão dos Neves, imóvel que até hoje pertence a família de Tancredo Neves, que fica quase em frente da Igreja N. S. do Rosário. Independente de nossa visão política, esse marco brasileiro é visitado por milhares de pessoas todos os anos.
Desviando de uma charrete aqui, de um cavalo ali, ou de um ônibus ou caminhão acolá, deixamos as ruas de São João em direção à nossa Pousada para, finalmente, viajarmos de volta a Tiradentes. Partimos por volta das 12 horas, pela Estrada Real.
RETORNO À TIRADENTES
Nessa nova estadia na vizinha Tiradentes éramos agora esperados pelos proprietários da Pousada Bárbara Bela, nas vizinhanças da Estação Ferroviária. Chegamos com o dia ensolarado e nos instalamos numa de suas lindas suítes.
Nem desfizemos as “malas” e fomos almoçar uma típica comidinha mineira: o virado, com tudo que tínhamos direito. Sobremesa? queijo com goiabada caseira. O almoço se deu no “Divino Sabor”, já no trecho urbano da Estrada Real, com vista ao imponente maciço de São José.
Com a barriga recheada fomos ver as charretes com seus passageiros, no Largo das Forras, e descansamos um pouco nas praças centrais, principalmente em frente a Capela N. S. das Mercês, brincando como crianças num imenso gramado, cheio do obras inacabadas em pedra sabão.
PARA “BICHINHO”
Já passava das 14 horas quando partimos em direção a cidade de Prados(41), mais precisamente no Distrito de “Bichinho”, rico em história e beleza. O caminho se dá por uma estrada em pé de moleque, com a visão constante da Serra de São José ao ao lado.
Esse caminho é também um trecho da Estrada Real e nele vamos encontrar nada menos que o Museu do Automóvel. Em pouco tempo chegamos ao Distrito de Vitoriano Veloso, mais conhecido como “Bichinho”, famosa por seu artesanato e comida típica.
A Vila também foi palco da Conjuração mineira, tendo nela vivido o mulato e ex escravo Vitoriano Gonçalves Veloso. Alfaiate, foi condenado pela Rainha de Portugal a ser açoitado em público e degredado por dez anos, de onde não mais retornou. Visitar “Bichinho” é como voltar no tempo.
NOITE EM TIRADENTES
Retornamos para Tiradentes por volta das 18h e, como era horário de verão, deu tempo para rodarmos com as motos ao lado (e por cima) dos trilhos do trem, bem como ao lado do Rio das Mortes, conhecendo uma Tiradentes que só os nativos conhecem. Poderíamos ir mais à frente, mas anoiteceria em breve.
A última noite em Tiradentes foi curtida com carinho redobrado. Entre os inúmeros pequenos restaurantes encrustados no casario colonial, escolhemos um nas imediações e nos servimos de um caldo reconfortante. Uma bela sopa de mandioquinha com carne seca e uma taça de tinto vinho foi a ceia daquela noite maravilhosa.
Recostamos dispersos ouvindo a música que era tocada ao vivo, enquanto saboreávamos o caldo e o vinho quando, por ironia do destino, fomos chamados pelos nossos nomes. Não é que nos acharam ali? O mundo é realmente pequeno e um amigo nosso, proprietário de um antiquário na cidade de Itu, estava à nossa volta com a esposa, pois viajavam a procura de objetos antigos.
Findo o repasto retornamos à Pousada Bárbara Bela, cujo nome foi dado em homenagem à Bárbara Heliodora. Segundo consta nos anais de nossa história: “ela foi a estrela do norte que soube guiar a vida do marido e lhe acalentar o sonho da inconfidência do Brasil. Quando este quis fraquejar, foi Bárbara que o fez reaprumar-se na aventura patriótica”.
Por causa de toda sua participação e o que mais ela sofreu, com alta dignidade, fez com que a posteridade lhe desse o tratamento de Heroína da Inconfidência.
9º DIA
A manhã do nosso nono dia de viagem tinha chegado. Depois do farto café colonial, típico em toda Minas Gerais, deixaríamos mais uma vez Tiradentes, com um aperto de saudades já estampado nos corações. Voltaríamos um dia, com certeza.
Apesar da viagem estar já em sua fase final, muita coisa ainda inesperada estava à acontecer. Percebêramos que as estradas em Minas estavam intactas e bem conservadas e, olhando os mapas no saguão da Pousada, antes de partirmos decidimos “mudar ligeiramente os planos”.
Ao invés de seguirmos em direção à Lavras, para retornarmos pela BR 116 como previamente decidido no projeto inicial, optamos por alterar o traçado e conhecermos alguns outros lugares. Contávamos com estradas em excelente estado de conservação, porém enganamo-nos “barbaramente”.
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SEGUINDO VIAGEM
Deixando definitivamente Tiradentes e, uma vez na estrada, vimos os primeiros raios solares na cidade de Rio das Mortes(42). Como já era de se esperar nenhuma mosca voava pelo centro quando lá estivemos, posto estarem todos se preparando para o dia. Poucas almas estavam na rua naquelas horas.
A viagem pela Rod. Miguel Batista prosseguiu sossegada até São Sebastião da Vitória(43). O nome da cidade vem em homenagem a vitória na sangrenta, e ainda não bem explicada da Guerra dos Emboabas, que também acabou dando nome ao atual Rio das Mortes, dado a carnificina lá praticada.
Daí seguimos para Conceição da Barra de Minas(44). A distância da pista até o centro da cidade era curto. Rodamos ao lado da ferrovia e, em alguns minutos, estávamos na pequenina, porém simpática cidade mineira, com sua gente simples e ordeira. A história conta que foi nessa região Fernão Dias buscou suas lendárias esmeraldas.
Voltamos pelo mesmo caminho e, algum tempo depois estávamos numa outra cidade: Nazareno (45). Ao contrário de sua vizinha, Nazareno demonstrou um tanto desorganizada e com muita terra nas ruas. Pode ser até coincidência com a nossa chegada, mas o certo é que a cidade não demonstrava a mesma beleza até então encontrada em Minas.
Até então seguíamos o roteiro desenhado há meses, sem qualquer alteração. Chegávamos, enfim, na cidade de Itutinga(46) e, pelos planos originais, deveríamos visita-la e seguir nosso destino em direção a Lavras e outras localidades. Entretanto, exatamente a partir deste ponto modificamos sobremaneira nossa viagem e a diferença foi gritante.
Passamos pelo centro de Itutinga que nos pareceu bastante atraente e limpa, mas não paramos por muito tempo, a não ser para um pequeno lanche e reidratação. Quem pilota por muito tempo deve guardar algum momento para uma esticadinha nas pernas e uma alimentação leve.
Cumprida essas obrigações com o corpo seguimos por uma estrada praticamente plana e infinita. Os quilômetros eram percorridos entre paisagens e lugares paradisíacos e, ao longe e a nossa frente, víamos a imensa muralha de pedra e delimita Itutinga de Carrancas.
E era para lá mesmo que seguíamos. Subindo a íngreme muralha rochosa chegaríamos na famosa Carrancas(47), terra das inúmeras cachoeiras e trilhas de tirar o fôlego. Embora não fosse nosso destino daquele dia, seria lá que iríamos almoçar, antes de continuarmos nossa jornada.
Iríamos foi mesmo a palavra exata, pois era hora do almoço e tudo estava fechado por lá. Uma única lanchonete aberta nos ofereceu um pão com queijo. Estando em Minas Gerais não seria novidade, mas, o que não esperávamos é que o pão fosse de forma e o queijo fosse fatias de mussarela aquecidas naquelas “sanduicheiras” elétricas. A aparência era boa, mas não era o que esperávamos.
Era pegar ou largar; ou melhor: era comer ou ficar com fome. Pedimos apenas um lanche para dividirmos em dois, com o objetivo de comermos melhor na próxima parada. Aproveitamos para sondar o caminho a seguir, pois as informações que tínhamos eram precárias. Mais uma vez esquecemos que em Minas, tudo “é pertinho… tudo é logo ali”.
Foi aí que soubemos que o resto do caminho daquele dia seria “em terra”. Que seja, afinal dar a volta seria demorado demais e o dono da lanchonete nos disse que fazia esse percurso quase que diariamente, com uma moto de 125cc. Acreditamos e seguimos viagem mesmo com fome, afinal, seria por pouco tempo. Seria…
Pretendíamos parar na Estação de Carrancas onde nos reabasteceríamos de alimentos. Doce ilusão. A Estação de Carrancas é um distrito com baixo número de residências e dista cerca de 20 km de Carrancas. Surgiu no final do século XIX como pouso dos trabalhadores que mantinham as locomotivas a vapor e que necessitavam de abastecimento constante de água e lenha no trajeto até Barra Mansa/RJ.
Paramos numa quitanda próximo da Igreja de São Sebastião e compramos alguns salgadinhos embalados (era o que tinha para se comer por ali) e algumas garrafas de água mineral, muito embora as nascentes fossem muitas pela região. Seguimos viagem sem o almoço desejado.
Embora seguíssemos pela Estrada Real, com seus vários marcos indicativos feitos em concreto avermelhado e mapa, se perder por ali era a coisa mais natural do mundo, principalmente para quem é forasteiro e acredita que tudo é pertinho, como o mineiro diz.
Algum tempo depois, na poeira vermelha, chegamos em Luminárias(48), um recanto de clima saudável, cercada por montanhas. O nome se deve a Serra das Luminárias, que fica ao lado da cidade. Segundo contam por lá aparecem pontos luminosos, até hoje de origem desconhecidas, atraindo ufologistas e outros cientistas para o lugar.
A beleza a nossa volta era incontestável, mas estávamos quase que “perdidos”, somente podendo nos guiar pelos marcos da Estrada Real. Nosso GPS somente girava em falso, não nos dando qualquer informação útil. O pior é que o tempo passava e o ritmo de nossa viagem tinha caído vertiginosamente nesse trecho, numa média de 20km/h ou menos.
Por várias vezes entramos em caminhos errados, indo parar em fazendas da região que nos informavam sobre a rota correta. Entre o sobe e desce do percurso vimos muitos riachos, corredeiras e pequenas quedas d´água que embelezavam o lugar. Com uma moto trail, ainda que pequena, o proveito seria bem melhor.
Para controlar a passagem de animais nas inúmeras fazendas existentes, muitos mata-burros eram instalados na estrada. O problema era a má conservação desses artefatos e o fato de alguns deles terem suas travessas no mesmo sentido da estrada. Se a roda da moto entrasse entre elas, não estaríamos aqui narrando essa aventura.
A tarde já ia alta e nós também, ou seja: estávamos no alto de uma montanha toda feita de pedra, daquela famosa pedra mineira, que entornam as piscinas. Ali mesmo, ao lado da Estrada Real, caminhões e máquinas extraiam e cortavam, diretamente do chão, essa famosa pedra.
Não se tratava mais de trafegar por uma estrada, mas pelo meio de uma pedreira em plena atividade, dividindo espaço com rochas soltas, pedregulho, terra, caminhões, máquinas e mineradores. Um escorregão e…chão.
Descemos montanha abaixo com todo o cuidado, afinal nem a Kansas nem a Yes são dadas à esse tipo de piso, e já por volta das 17h chegávamos em Sobradinho(49). Paramos, evidentemente. Precisávamos de tudo, principalmente sanitários.
Entramos numa pequena lanchonete misturada com sorveteria, que na verdade mais se parecia com uma casa de agricultor, mas tudo isso ao lado da Praça principal, quase em frente da Igreja. Calma, não pegamos os vícios dos mineiros, tudo é mesmo pertinho por lá.
Pedimos para usar o banheiro e, enquanto o usássemos, que nos preparassem um suco de abacaxi e outro de maracujá. O banheiro era nos fundos da lanchonete e também servia a casa dos seus proprietários, coisa comum por lá.
O banheiro era estreito, feito em tábuas que por entre elas entrava luz e vento. Uma “tramela” de madeira fechava sua porta, que era puxada por uma cordinha. O piso era de cimento rústico, mas o que impressionava era a higiene e limpeza do local. Nota 10!
Voltamos as “nossas mesas” para tomarmos os sucos pedidos e a surpresa veio pela boca da proprietária: “fiz um suco de coco e outro de laranja, pois eu não tinha os que vocês pediram. Como sabia que vocês estão com sede e vieram de longe, fizemos esses mesmos. Se não quiserem não tem problema, não precisam nem pagar.”
O jeito simples e sincero daquela senhora que comandava o estabelecimento nos encantou. Claro que tomaríamos aqueles sucos, aliás, sempre escolhemos nossos sucos por acaso, quase sempre sem a menor lógica, por puro capricho, por que ali teríamos que reclamar?
Enquanto bebíamos o suco e comíamos um salgadinho, que nem mais fizemos questão de escolher, vimos entre as cortinas que separaram a casa da lanchonete uma menina lindíssima, de seus 15 anos, filha da dona da lanchonete. Envergonhada que era, nos fitava e corria para dentro, demonstrando insegurança na presença de estranhos, isso em pleno século XXI.
SÃO THOMÉ DAS LETRAS
A tarde caia depressa e nosso destino daquele dia, São Thomé das Letras(50), já estava a nossa frente. As placas em vários botecos da beira daquela estrada de terra já nos alertava a presença de uma civilização, que esperávamos ser de origem terrestre. Mas, como estávamos em São Thomé, e em Minas Gerais, queríamos antes ver, para depois crer.
Cada pessoa tem uma determinada reação ao chegar em algum lugar novo e para nós a impressão de São Thomé foi por demais ingrata. A despeito da beleza da cidade, do clima, das cachoeiras inusitadas e da sua altitude espantosa, algo não nos agradava no ar.
Um ET com seus quatro braços e cara nada amistosa nos recebia ao lado de sua nave espacial, na “entrada dos fundos” da cidade. São Thomé tem a entrada principal e esta, por onde chegamos, de terra. O monumento ficava num lugar esquisito, no meio de um pasto.
O tempo, que até então era ensolarado, fechou de repente e ameaçou chuva brava; os guias turísticos, que em toda Minas Gerais foram cordiais e amáveis, ali pareciam que queriam gozar conosco e fazer propostas estranhas. Somado a isso as inúmeras casas com temas bruxuleantes nos mudaram o humor.
Cuidamos de ver a pousada que ficaríamos mas nos desiludimos. Apesar de bonita e com boa reputação, a impressão é que dormiríamos num mausoléu medieval. Olhamos entre nós e num acordo surdo e rápido decidimos deixar a cidade, ainda que tivéssemos que viajar a noite. Um dia voltaríamos com mais tempo para desfazermos essas más impressões.
Fizemos rapidamente algumas poucas fotos no local e verificamos o estado das motos, que estavam cobertas de terra vermelha da longa viagem que tivemos naquele dia. Colocamos as capas de chuva pois a chuva já estava quase caindo e rumamos imediatamente para Três Corações(51).
COMPLETANDO O NONO DIA
Uma bem pavimentada, porém estreita rodovia, deixava a cidade em direção a Três Corações. Conforme descíamos montanha abaixo percebíamos uma imensa nuvem preta sobre São Thomé, fazendo com que, em nossos capacetes, suspirássemos aliviados por tê-la deixado.
Que nos perdoem os habitantes de São Thomé, cidade a qual sempre tivemos grande vontade de conhecer, mas alguma coisa naquele dia não nos deixou ficar. Com certeza reservaremos alguns dias especialmente para essa cidade, afinal não somos do tipo de nos assustarmos assim, sem mais nem menos.
Três Corações viu nossa chegada já no início do anoitecer. Não tínhamos pousada reservada e o jeito foi procurar um hotel, o mais próximo possível de onde estávamos. Acabamos encontrando um perto da rodoviária e a noite foi terrível. Não teria sido melhor ter ficado em São Thomé?
Entramos rapidamente em nossos aposentos e tratamos imediatamente de nos livrarmos de nossa roupa imunda de poeira, no entanto com a qual viajaríamos no dia seguinte, o último do nosso projeto.
Todos os arquivos de fotos, vídeos e áudios tinham que ser descarregados no netbook e encaminhados às “nuvens” e esses aparelhos, depois, terem suas baterias carregadas para o dia seguinte. Eram eles: rádios comunicadores(2), câmeras fotográficas(3) pilhas(8) celulares(2) e computador(1). O GPS seria carregado na própria moto.
Depois do banho tomado e já um tanto tarde da noite, deixamos o hotel em busca do jantar. Não queríamos sair com as motos que estavam imundas e já estavam prontas para a viagem do dia seguinte, inclusive abastecidas. Caminhamos apressados e um tanto temerosos por ruas escuras e desertas.
Pergunta daqui, indaga dali e acabamos encontramos uma Praça nas redondezas, onde se concentravam muita gente num ambiente alegre e bonito. Vários barzinhos com mesas na calçada e acabamos escolhendo o que mais estava lotado, pois sempre prenuncia ser o melhor.
Não erramos. Tratava-se da “Panquecaria” do Chef Antonio, instalada num casarão antigo daquela Praça. Seus garçons se empenhavam em atender a todos com bastante presteza e rapidez, e parecia que ninguém pretendia mudar de restaurante e ir nos vizinhos, que estavam quase nenhum movimento.
Pedimos sugestão sobre o que comer e o garçom nos ofereceu “panqueca de mussarela de búfala”. Resolvemos experimentar apenas uma: se gostássemos repetiríamos, já que as porções eram individuais. Adoramos e acabamos pedindo logo duas outras panquecas. Acompanhadas de um chopp geladíssimo, foi nosso último jantar em Minas.
Voltamos cuidadosos ao Hotel, pois as ruas onde estávamos não nos inspiravam muita confiança. Nossa suíte era de frente para a rua, logo acima da recepção. Bêbados, brigas e sirenes de polícia durante a noite não nos deixaram dormir com sossego, tudo associado aos pesadelos naturais do dia cansativo que tivemos.
10º DIA
Acordamos antes do dia amanhecer para o nosso décimo dia de viagem, mesmo assim não fomos os primeiros a tomar o café da manha, pois haviam muitos vendedores hospedados no hotel, que costumam acordarem bem cedo para saírem para o trabalho. Degustamos o último desjejum em Minas e nos preparamos para a volta.
Recarregamos as motos e com o dia já claro deixamos o Hotel, contornando-o rumo a Rodovia Fernão Dias, pela qual começaríamos nossa viagem para casa. No entanto tivemos uma surpresa tamanha ao ver que a avenida que estávamos tinha “três mãos de direção”. Coisas de quem tem Três Corações como cidade.
Uma das mãos ia, outra vinha e outra era… “do trem”. Sim, trem mesmo, mas segundo informações locais só para trens de carga, daqueles que tem mais de 1 km de comprimento. Passamos em frente ao Fórum da cidade e ficamos imaginando como seria um dia de grande movimento do judiciário, com um enorme comboio apitando na porta.
Em pouco tempo já divisávamos a BR 116 com seu marco em homenagem ao Rei Pelé, filho ilustre daquela cidade e que não era esquecido. Passamos pelo memorial tomando o rumo em direção de São Paulo, muito embora não pretendêssemos seguir direto.
Rodamos cerca de 50 km para chegarmos em São Gonçalo do Sapucaí(52), coisa difícil de acontecer em Minas Gerais, onde as cidades se atropelam, uma atrás das outras. Chegamos ao centro da cidade pela região norte e a deixamos pelo sul.
Terra de muita tradição, foi aí que Bárbara Heliodora viveu o resto de seus dias, tida como demente, para não ser privada de seus bens. Enterrada então na igreja Matriz da cidade, teve seus ossos transladados para uma vala comum do cemitério local, estando hoje infelizmente em lugar incerto. Ser mulher e heroína no Brasil não é fácil!!!
Continuamos nossa jornada e em pouco tempo contemplávamos o centro da cidade de Careaçu(53). Pequena, mas simpática, a alegria por ali deve ser constante, posto que no dia que a visitamos a praça estava preparada para festas, além de verificarmos mais de um clube recreativo por lá.
Na continuação do nosso trajeto visitamos o antigo Distrito de Santa Isabel, hoje a cidade de Heliodora(54), nome dado à Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira, a heroína que teve seus ossos perdidos na vizinha cidade. Cidadezinha encantadora, está encravada numa região de grandes produtores de arroz, e dista cerca de 20 km da BR 116.
De Heliodora seguimos para São Sebastião da Bela Vista(55), terra dos “cogumelos do sol”. As ruas são pequenas mas encantadoras. Uma acanhada avenida segue em direção do centro e exibe originais arandelas de iluminação. O que mais chama a atenção na cidade é a imagem do santo padroeiro, que mais parece com o “Super Homem”.
Chegar em sua Praça principal e não encontrar gente boa para um “dedo de prosa” pode ser coisa bastante difícil por lá, já que o povo gosta bastante de receber o turista e contar seus “causos”. E olhem que eles levam até cadeiras para a Praça, não deixando faltar assunto para o dia todo, e mais outros, se precisar.
De volta pela Fernão Dias seguimos para o merecido almoço, mas isso só se daria em Pouso Alegre(56). Rodamos um pouco pela cidade mas logo fomos ao centro, visitar a Praça em frente a Catedral, uma suntuosa construção concluída em 1952.
Pouso Alegre pode ser considerada uma cidade grande, com muitos arranha-céus e universidades, o que faz com que a população jovem seja alta na região. Almoçamos ao lado da basílica, num lugar chamado “Basílico”. Boa comida.
NO CIRCUITO DAS MALHAS
A viagem já estava bastante “espichada”, usando o linguajar mineiro, mas ainda queríamos mais. Ao invés de tocarmos direto para São Paulo, derivamos para o circuito das malhas, como já era de nossos planos.
Abastecemos as motos em Pouso Alegre e seguimos viagem pela MG 290, novamente sob a forte chuva que começou a cair. A estrada é de pista simples e o trânsito estava meio agitado nesse trecho inicial e assim permaneceu por muitos quilômetros.
Em pouco tempo divisávamos Borda da Mata(57), cidade pequena mas muito bem organizada e bonita, com um centro comercial relativamente completo. Muitas confecções e industrias ligadas ao vestuário estão ali sediadas. Fomos conhecer o centro da cidade, mas logo a seguimos viagem.
Seguindo pela mesma estrada, em poucos minutos já estávamos em outra linda e aconchegante cidade mineira: Inconfidentes(58). Sua vocação para o crochê é reconhecida no Brasil inteiro, mas a vocação ecológica, com muitas trilhas e montanhas, também a torna bastante procurada.
Com o sol voltando fomos até o centro da cidade tirar nossa capa de chuva e, em seguida, experimentarmos um delicioso sorvete artesanal, em frente a linda Igreja da Matriz, elegantemente construída numa praça enorme e toda arborizada. A vida em Inconfidentes parece não passar, apesar do grande número de confecções em seu território.
Mais uma vez seguimos viagem pois o dia já estaria longo findando. A Chuva nos atrasou um pouco mas mesmo assim chegamos a Ouro Fino(59) por volta das 15:30h. Uma coisa que jamais nos deixa esquecer essa cidade é o Menino da Porteira.
Pensando nisso a cidade construiu em sua entrada principal uma imensa porteira com um menino, logo em frente da casa da cultura e turismo da cidade, que também se chama “Casa do Menino da Porteira”.
Não paramos muito pois a chuva, que parecia que tinha parado de vez, resolveu dar de novo o ar da graça. Deixarmos a cidade as pressas para que ela não nos alcançasse, pelo menos até nosso próximo destino.
Saímos assim de Ouro Fino em direção da 60ª e última cidade mineira de nosso roteiro: Monte Sião(60). A tardinha já tinha chegado e o tempo fechado não demonstrava que já estávamos próximo das 16:30 h. Aproveitamos para uma boa descansada e uma última hidratação, pois daí em diante tocaríamos direto para São Paulo, sem mais paradas.
Monte Sião é um polo industrial no ramo das confecções e produtos de vestuário. A cidade parece um imenso Shopping Center a céu aberto e as inúmeras vitrines nos convida às compras. Não tínhamos disposição para gastar, tampouco espaço para levar compras, assim curtimos um pouquinho das Minas Gerais que estávamos despedindo, passeando pela bonita e bem tratada praça da cidade.
Por volta das 17:30 estávamos completamente preparados para a definitiva volta, o que quer dizer que guardamos de vez nossos equipamentos de foto e vídeo; reapertamos todos os tirantes da moto; e nos equipamos para uma viagem direta. Até mais Minas Gerais!
Como o tempo estava instável, aproveitamos para colocar nossas capas de chuvas com bastante rigor, pois não tínhamos projetos para nenhuma outra parada que não fosse estritamente necessária. 200km nos separavam da Capital, pelo trajeto que viríamos.
Seguimos por Lindoya, Águas de Lindoya, Itapira, Mogi Mirim e Campinas, onde a chuva recomeçou forte, porém já estávamos preparados. Pegamos um trecho bastante movimentado no horário de pico na Rod. Dom Pedro I e na Anhanguera, mas em pouco tempo nos desvencilhamos de tudo.
A chuva e o horário do rush nos fez atrasar um pouco, assim só chegamos em São Paulo por volta das 21:30 h da noite: cansados, porém realizados. O total percorrido, de 2100km, nem pode ser considerado grande, mas o esforço maior se deu pelas inúmeras paradas e por causa das motocicletas de baixa cilindrada que usamos nesse projeto.
Uma vez em casa enfrentamos a derradeira etapa do projeto: Levar toda a tralha para o apartamento, achando, posteriormente lugar para separa-la, dividindo as roupas que iriam imediatamente para a máquina das que deveriam esperar e assim por diante. Bem-vindo ao lar.
Com a conclusão de nosso Projeto “Sob o céu da Inconfidência”, convidamos nossos amigos e leitores para visitarem esse Estado tão querido e tão perto de nós. Com certeza ficarão na cabeça com o mesmo refrão que ficamos:
OH! Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais, oh! Minas Gerais…
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte e Bruna Scavacini
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